Ciranda , cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta..volta e meia vamos dar!!!
Creio que todas nós , as dinossauras dos anos 60, já entoamos essa cantiga...muitas vezes, à noitinha...as mães colocavam as cadeiras a frente das casas, era para refrescar..diziam, mas isso tinha muito mais objetivos...queriam nos observar com olhos de coruja e de lince, queriam bater papo com os vizinhos, ver o luar...tudo feito sem quaisquer requíscios de medo! A violência..já existia, é claro...mas andava a léguas de distância...
Dentre as inúmeras brincadeiras , eu me recordo , com carinho das cantigas de roda..toda a turma...meninos e meninas da rua Amazonas..lá na minha querida Marilia, davam-se as mãos...gesto tão lindo e significativo!!Não havia divisão de classes, nem de cor, nem de credo...nós estávamos entrelaçados por uma alegria e amizade puras , próprias da infância...não havia televisão, e logicamente nem computador....o que sobressaia mesmo era o calor humano e a vontade de nos divertirmos, sorvendo cada segundo daqueles com sofreguidão...faces afogueadas...e depois a chamada imperiosa e terna dos pais..."Menina, entre...já está tarde...vamos, vamos..nenhum minuto a mais..para de choramingar..senão amanhã não permiteremos mais ..."
E a menina e o menino obedeciam prontamente naquele tempo, sem temerem ser chamados de "caretas"...todos iam se recolher cansados, porém contentes...e cada qual gritava de seu quarto... " a bênção...mãe... a bênção pai!" e....em seguida ouviamos com segurança....a resposta amada..."Deus o abençoe, durma bem"!
E nós dormíamos mesmo...sem calmante, sem droga alguma..porque nos sabíamos amados e amparados...
Hoje vejo com certa amargura certas mudanças...não que eu seja uma velha nostálgica e saudosista..mas é que este cenário atual onde a violência se esconde no próprio lar...onde grades vieram substituir jardins e hortas....onde a televisão e a net vieram para desfazer as mãozinhas que se davam e que giravam numa encantadora ciranda...olha..minha gente...eu sinto ,sim, uma vontade de que pelo menos um dia, o tempo voltasse..e que meus filhos e netos tivessem a oportunidade de curtir, nem que fosse por instantes, aquela sensação gostosa do amor com limites e disciplina...sem neuras..os pais só queriam acertar!
Justamente, hoje, ao dar uma aula de reforço ao meu neto, eu deparei como a infância é curta..e que se esvai como fumaça...olhando para seu rosto lindo...deparei com linhas mais duras, algumas espinhas...e não pude deixar de sentir uma saudade do tempo em que eu o carregava em meu colo, fazia-o dormir, levava passear, iamos a cinemas nos lançamentos!!Pena que muita gente, na correria do dia-a-dia , não perceba estes detalhes..o crescimento de um filho... de um neto..acha tudo muito comum, muito natural..e não é que não o seja..mas não conseguem enxergar a riqueza do crescimento...crescer, dói sim, meus queridos....mas precisamos caminhar com sabedoria e dignidade...
Depois recebi um e-mail que dizia justamente sobre o crescimento dos filhos e principalmente dos netos....´lágrimas deslizaram pelo meu rosto, porque foi tão rápido este trajeto...todos estão crescidos...ah! os netos em desenvolvimento..estão se tornando em uma mulher linda, a Yolanda...e o neto Igor..um mocinho adolescente inserido em todo o oceano proprio dessa época...tomara que ele consiga surfar com inteligencia e segurança as ondas que a vida lhe impor!
Tomara que na ciranda da vida eles não se petrifiquem...mas que suas mãos se tornem quentes, macias e firmes para um sublime engajamento com seus semelhantes...que no centro dessa roda esteja sempre Deus...que ilumina e protege a todos...por isso a importância da roda, da ciranda, da união...assim seremos mais fortes, mais felizes ....cantando..."...ciranda ,cirandinha , vamos todos cirandar...!"