domingo, 30 de maio de 2010

Um cafezinho na casa da Zi




Ninguém resiste ao perfume do café da minha filha...


Juro...é diferente, creio que a aura da dona inunda


aquela água fervente, igual a tantas outras ...




O cheiro percorre toda a casa...e nos rostos desenham-se


sorrisos, as vozes ficam mais calmas ...e todo o ambiente


se impregna de uma ternura e paz tão intensa...




Junta-se a isso...uma dose de simpatia irradiante, uma beleza


ímpar..vontade de se abraçar, de nunca mais se apartar...


Uma família que pretende ser unida..e que mesmo , às vezes,


esfacelada...procura juntar os caquinhos..




E a Zi sabe bem disso...por isso coloca em seu café...o segredo


dos simples, dos sábios, que buscam no pó do café a purpurina


do amor...da amizade sincera...do viver alegre e sem medo...

Versos esparsos...pedacinhos d'alma!




Meu amor...


É um amor tão antigo,


e ao mesmo tempo tão amigo...




Seu olhar me desnuda a alma..


Prepara o corpo para as carícias..


Portal luminoso das delícias...




Sua voz evoca o timbre de um tenor


Que somente conhece a ária do amor...


Envolve-me os sentidos...desperta ...alerta...




Suas mãos...vestem luvas de magia...


deslizam em minha face macia...


secam duas lágrimas de dor...




Mas... o seu coração...ah! este é especial...


Porque eu escuto seus acordes fortes...


Mesmo quando tu estás longe ...tão longe de mim!

sábado, 8 de maio de 2010

Mães...simplesmente mães...


No decorrer desta minha caminhada no mundo das letras, já escrevi bastante sobre minha plenitude e felicidade em ser mãe, teci uma rede de homenagens aos meus filhos, netos...cantei em prosa e em versos toda a graça e mistério da arte de ser mãe, de gerar um ser humano em seu próprio ventre...
Mas...chegando o dia das Mães eu me engravido de novo...fico plena de emoções tão finas que sobressaem nitidamente através de meus olhos, de meus poros, de minhas palavras...fazer o quê? Ora...preciso dar a luz de novo ...parir estas emoções para reparti-las com todos...ligo a TV e assisto o padre Fábio cantando uma melodia nova para as mães e achei tão linda que lágrimas deslizaram pela minha face , de modo suave..suave..e então...me lembrei de minha mãe Maria do Rosário, que já fez a travessia e agora ,em outra dimensão deve olhar por mim...com aquele lindo olhar de bondade que me fazia mais calma e feliz...ah..que saudades suas , mamãe...
Fico-lhe grata por ter me dado a oportunidade de entrar nesta vida ,com amor, aconchego e alegria...como
deve ter sido bom para a Margaret bebê sugar seu leite saudável que me ajudou a crescer e ficar forte para encarar os dragões que porventura viessem me atacar...Como deve ter sido bom ter usufruído de seu colo macio e quentinho, após sair de seu útero abençoado...sentir suas mãos macias acariciando minha pele fininha e frágil... ouvir sua voz cantando doces cantigas de ninar...lembro-me até hoje.. pois já as cantei para os meus filhos e netos...
Depois...a audácia dos primeiros passos sendo levada pelas suas mãos ...as mãozinhas gorduchas unidas em preces ensaiando as primeiras orações ...o ensinamento da fé cristã, o amor acima de tudo...a senhora me ensinou Jesus , Maria, os anjos...me apresentou a toda família celestial como se íntima fosse dela...
Em seu colo...já grandinha e ainda caçulinha...eu aprendi as primeiras letras, na Cartilha Sodré..lembra , mãe? A pata nada ...eu bebia suas palavras, pois sempre fui atenta às letras, à linguagem..e então...vc me descortinou o mundo mágico da literatura..Monteiro Lobato..o sítio...Emília.. Narizinho Arrebitado, Visconde..etc..
E...eu mergulhava com segurança na ficção que um dia iria me ajudar a crescer um pouco melhor...
Ah..querida mãe ,cujo apelido Santinha não fora em vão...sempre apegada ao lar, aos filhos, ao marido...morena linda ...mulher que me gerou...que me consolou, cuidou e depois me viu partir ainda tão mocinha atrás de minhas ilusões...
Agora esta crônica é para você, minha amada...sei que você está lendo com seus olhinhos espirituais...sinto seu beijo agora e fico feliz em ser sua filha, e parecer com você...mesmos olhos, face, nariz, lábios..as mãos..ah! estas são idênticas! Muito obrigada!!! por ter me dado a oportunidade de saborear esta vida e ensinado que mesmo nas tormentas podemos nos manter dignos e confiantes!!!

terça-feira, 4 de maio de 2010

À beira do buraco da árvore...


Muitos devem estar se perguntando..."que buraco..??? que árvore???!!!! Já me explico em detalhes.Acontece que estou ainda sob o impacto do filme Alice no País das Maravilhas, um clássico que me acompanha desde a infância...minha história favorita! Tantas vezes me identificava com Alice perdida em suas dúvidas, curiosa para tudo saber, com ânsia , principalmente, de me descobrir...como se isso fácil fora...
O filme, hiper moderno em 3D, ótimos atores, etc. conta a saga de uma Alice já moça, prestes a se casar...bem, não vou ficar contando porque tem gente que ainda não assistiu, mas o fio condutor é a busca de si mesma, a vontade de se descobrir por inteiro, pois só assim nos tornamos fortes, autônomos...roteiristas das próprias histórias...
Estou agora a tecer a minha fase de Alice já adentrando na terceira idade, porque a busca nunca se acaba, estou sempre me espreitando,e a cada ato feito sinto minha sombra espiar sorrateiramente...estou rodeando o buraco escuro que se escancara na raiz da árvore da vida...meus pés trôpegos escorregam...mas tenho medo, e então me agarro na raiz velha e já carcomida pelos idos dos anos...sinto um suor frio escorrer em minha espinha, tremo sim...porque já estive neste local antes..e já cai muitas vezes, num torvelinho de emoções, já estive presa numa sala esquisita..e chorei tanto que um dilúvio de lágrimas fez com que eu emergisse rápido...e respirasse outros ares!
Entretanto, faz dias que estou me sentindo assim...meio deslocada de mim mesma, coração desordenado, quero chorar ,mas não consigo..um dilúvio , às vezes, é necessário, uma vez que...lava a alma...refresca o espírito...agarro-me à raiz...mas no íntimo eu gostaria que ela se partisse me arremessando no mistério daquele buraco que me hiponitiza, mas minhas mãos seguram tão forte , que sinto escorrer um pouco de sangue de algumas unhas que se feriram...e é aí que reside o mistério e a beleza do buraco! Pobre Alice...já idosa..já vivida e que ainda teima em se redescobrir melhor, que ainda espera encontrar o Coelho Branco para que ele a ensine o valor do tempo, e a enfrentar a Rainha de Copas que teima sempre em nos cortar as cabeças....