quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Saindo da concha...

Mariana, apenas uma Mariana, mulher, menina, fêmea...junção de Marias e Anas que se constroem e se descontroem com uma facilidade exasperada!!!! Mariana caminhando na areia da praia mais deserta de sua vida...tropeça numa concha, cai...sente o raspão cortante da areia no joelho e mergulha em sua própria dor... a dor do abandono, do desprezo futil e frio de quem nunca soube amar uma Mariana...Levanta-se vagarosamente com a concha em suas maõs...tão linda...meio rosinha...e tão fechada..tão...
Mariana incorpora-se à concha, ela é a concha, ela se coisifica...e mergulha em seu pranto tentando abri-la com força, nada consegue....e um fiozinho de sangue escorre de sua unha misturando-se à rósea concha...Pobre Mariana...ana....maria.... não consegue abri-la e nem abrir-se...trabalho hérculeo!!!!
Olha o mar...tão belo....verde,verde...e hoje as ondas estão mansas...ontem, estava bravio,desesperado, voraz e cinza!!!!Deixa escapar lágrimas salvadoras e balsâmicas que caem na areia virando pocinhas minusculas...Expressa toda sua dor num grito catartico que vislumbra um caminho melhor, o da recuperação de si própria....aperta a concha contra o peito arfante e sente o ar fluir maravilhoso....sem angustia...a concha...não foi possivel abri-la.....mas Mariana...mulher...femea...menina...maria...e ana....num arroubo de luz e verdade consegue abrir sua propria alma...solta-a, acaricia-a...deixa-a ir pairar em outros lugares....basta-se a si propria...amor não escraviza....homem, muito menos...seu pranto agora é ameno como as ondinhas do mar...joga, então, a concha rósea no oceano que agora já se enraivece anunciando uma tempestade!!!

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