segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O avesso de mim...

Hoje o tempo estagnou, o sol saiu, veio a tarde.... a lua veio me espiar curiosa com ar de quem não me conhece ...e me fez espremer umas palavras que estão saindo tão doìdas ..que a dor esmaga meu peito, num sufoco nunca dantes sentido...é que olhar pra dentro de nos mesmos é o mais dificil percurso que podemos fazer, e ,as vezes, o fazemos de repente, sem querer, sem pensar..e la vai...vupt..um escorregão em nosso subterrâneio lodoso, negro...despertara com uma zonzeira e tentei apagar tantas visões tristes , tantos momentos dantescos...mas qual...uma carta chegou, sim uma carta...simplesmente, que mal pode fazer uma carta? voces me perguntariam...letras tão bonitas, português impecável...mas em cada linha o fio implacavel de quem sente ser juiz e detentor das verdades...lâmina fria, ponteaguda que ate agora sinto o talho e o sangue escorrendo de meu coração...que melodrama, hein, garota idosa? vc nao muda, deveria ter se dedicado à arte dramática...à nouvelle vague...sei lá...mas agora não sei mais quem eu sou..o espelho me devolve a mesma face, cansada, com rugas, pálida ...mas ele não consegue atingir o meu intimo, por tras dessa máscara que mulher cinica sorri e se desfaz de quem ama, que é capaz de debochar de pessoas que admira de verdade? Os lábios tremem , os olhos passeiam avidos pelas entrelinhas da missiva maldita...e eu mergulho na lama de muitas verdades, entremeadas, porem de muita crueldade, de muita frieza, de muito esquecimento de momentos bons, sem nenhum laivo de gratidão...só e tão somente de acusação..j'acuse...senti-me num frio tribunal, ré deprimente, sentada , mãos crispadas no colo, ouvindo a sentença sem nenhuma possibilidade de defesa, julgada e sentenciada....por toda uma vida, em uma carta...apenas uma carta...Verdades, Erros, omissões, falsidades...eu confesso ja fiz muito disso, sou uma ré confessa, mas já me redimi, eu creio...porque no meio de tanta sujeira eu sempre busquei o Amor, o Perdão, a Gratidão...só que meu juiz de hoje não levou nada disso em conta, fui condenada à Solidão....a Privação de abraços queridos, de sorriso, de colos... voces querem uma pena mais terrível? Impossível...mas , por Deus eu tenho de me acostumar e purgar esses deslizes, erros quietinha , presa num baú cheio de recordaçoes...ate quando? não sei...o juiz implacavel não determinou, creio que ele se esqueceu das palavras de Jesus..."Não julgueis para nao serdes julgados"!!!!

Um comentário:

Profa. Ileizi Fiorelli disse...

Pura literatura! Para nós falsários dos sentimentos, pois como disse o poeta Fernando Pessoa o poeta é um fingidor, tudo seria melhor se as sua sínteses fossem ficção, às vezes são e às vezes não são...
Chorei ao ler essas palavras!!!
Bjos. Sua Filha que te idolatra!
Ileizi